Adoecimento e dor oriundas do perfil e do ambiente de trabalho; dificuldade (muitas vezes impossibilidade) de acesso aos benefícios de auxílio doença e auxílio acidente de trabalho; descaso e maus tratos no INSS; dificuldade de fiscalização dos locais de trabalho; deficiências no controle social do sistema público; e o caso extremo dos trabalhadores na lavoura de cana.
Tudo isso foi debatido, nos dias 25 e 26 de agosto, pelo movimento de saúde. O Sindicato dos Radialistas foi sede e organizador do evento.
“O Silvio Santos é usuário do SUS?”, questionou Arnaldo à plenária, para destacar a abrangência do Sistema, que atua no atendimento e na prevenção de doenças, na concessão de benefícios, e em variadas formas de vigilância sanitária, que estão no cotidiano de todos os brasileiros, ricos ou pobres.
“Trabalhar em radiodifusão adoece?”
O ritmo acelerado de um trabalho minuciosamente cronometrado ameaça constantemente a demissão por um erro aparentemente pequeno. A pouca valorização pelas chefias afeta a auto-estima e culpabiliza o radialista por problemas de organização do trabalho e falta de profissionais na equipe. Os acidentes, recorrentes em gravações externas de grandes eventos, causam medo. As jornadas extenuantes, muitas vezes repetitivas e com exposição excessiva à imagem e ao som, podem causar irritabilidade, além de problemas visuais e auditivos. Mesmo o conteúdo filmado pode ser traumático ao operador de câmera, no caso de cenas violentas.
Arnaldo terminou contando histórias de radialistas que chagaram ao extremo de não poder mais exercer a profissão. Muitos, por dificuldades no INSS ou pelo sofrimento extra de uma aposentadoria precoce, acabaram em situação de indigência ou em depressão crônica. Foram esquecidos pelos patrões, pelo Estado, e pela história, mesmo após décadas de vínculo com grandes empresas de comunicação.
Para impedir que trajetórias como essas se repitam, o Sindicato se debruça sobre as questões da Saúde do Trabalhador e a Seguridade Social.