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Rádio Sisal censura programa do Sindicato de Valente

Rádio Sisal censura programa do Sindicato de Valente

Há mais de 11 anos que a população rural e urbana do município de Valente, na Bahia, todos os domingos, através do programa de rádio “Falando com o Trabalhador”, ficava por dentro dos acontecimentos e informações de interesse público. O mesmo programa ainda divulgava os direitos sociais e previdenciários, a agenda de atendimento no INSS, as festas comunitárias, as mensagens de familiares para os aniversariantes, entre outras notícias.

No dia 16 de outubro, porém, em reunião convocada pela direção da Rádio Sisal, Edvaldo de Carvalho e Carlos Barros (Carlão) comunicaram aos diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Valente (STRAF), Maria Madalena (Leninha) e Claudionor Aquino, a suspensão do contrato.

O argumento apresentado pelos diretores da emissora para a censura política, segundo a direção do STRAF, foi que o programa “Falando com o Trabalhador” estava sendo veiculadas matérias de cunho político-partidário.

Manifestamos aqui nosso apoio aos companheiros do STRAF, pois através do programa “Falando com o Trabalhador” as pessoas em geral e os trabalhadores rurais em especial mantinham-se atualizados sobre as políticas públicas setoriais e muitas das lutas sociais desenvolvidas na região a exemplo das mobilizações sociais para implantação do Programa de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), o programa Bolsa Família, o acesso ao crédito rural do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) etc.

A luta pela democratização da comunicação responsável pelo surgimento – na região – das mais de 16 rádios comunitárias e também da Abraço Sisal (Associação de Rádio e TV Comunitárias do Território Sisaleiro) em pleno funcionamento nos dias de hoje, foi mais uma das demandas sociais importantes. Todas essas lutas, sem sombra de dúvida, também contaram com o serviço de comunicação social e utilidade pública desenvolvido pelo programa de rádio do sindicato.

Com a censura política imposta pela direção da emissora, quase 1 milhão de pessoas – acostumadas todo domingo com o programa – deixarão de ouvir a vinheta de abertura que por ironia diz que “A terra dá, a terra come, a terra é que produz e o povo passando fome. No Brasil quando houver a reforma agrária, nunca mais a pobreza passa fome”, quiçá também de informação com a reforma dos meios de comunicação.

A Fitert manifesta seu repúdio à censura política imposta em Valente (BA) e região. é um absurdo isso ocorrer justamente agora que a sociedade brasileira comemora 20 anos de conquista do direito à informação.

A Constituição Cidadã que pôs fim à ditadura militar é desrespeitada por um grupo político ligado ao ex-carlismo baiano que controla a rádio desde a sua fundação.